Único coreto particular do Brasil

Banda Euterpe Cachoeirense - Coreto - 2

Coreto da Banda Euterpe Cachoeirense – Único coreto particular do Brasil. Cachoeira do Campo, Ouro Preto-MG. 23 de set. 2017. (Foto: Robson Peixoto)

O coreto da Banda Euterpe Cachoeirense é considerado o único coreto particular do Brasil. Encontra-se situado na Praça Felipe dos Santos, bem ao lado esquerdo (para quem olha de frente) da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, Minas Gerais.

Seu ano de construção provavelmente ocorreu em torno de 1923. Mas a decisão de construí-lo aconteceu em 1922 após decisão dos membros da Banda Euterpe Cachoeirense numa reunião. Na verdade, conforme Vitorino (198?), havia uma ideia inicial de se construir um coreto para as duas bandas (Euterpe Cachoeirense e União Social) no largo da Matriz. Anotações de José Avelino Neves Murta (Juquinha Murta) revelam que, após saberem de boatos vindos de pessoas da outra banda, os músicos e admiradores da Euterpe decidiram, sem alarde, pela construção do coreto, única e exclusivamente para a Banda de Cima.

Assim procederam e, de acordo com o respeito e costume, muito próprio dos componentes da banda, músicos, diretores e amadores associados à corporação solicitaram autorização  das autoridades competentes do município de Ouro Preto, por meio de requerimento por escrito junto à Câmara Municipal. O requerimento foi feito no dia 14 de junho de 1922.

Em 16 de junho de 1922, o secretário da Câmara Municipal de Ouro Preto, senhor Ignácio de Sousa, respondeu ao requerimento da banda. Comunicou que o presidente da referida Casa havia deferido o pedido desde que “não perturbasse o trânsito público”.

A quantia arrecadada para a construção do coreto atingiu o valor de $570,100 réis. Este valor foi conseguido a partir de tocatas da banda e doações de seus admiradores.

A construção do coreto

A construção do coreto se configurou em um grande mutirão de pessoas que, além das doações financeiras, contou com a doação de material de construção, dias de serviço, serviço de junta de bois e de carroça e mão de obra. Segundo Vitorino (198?), Juquinha Murta forneceu a madeira e o tabuado, enquanto José Patrício da Silva forneceu o zinco para a cobertura. Teófilo Pimenta e irmãos forneceram os tijolos, carpinteiros, pedreiros e serventes.

Ainda segundo a autora, após construído, passou a ser um ponto de referência para a comunidade de Cachoeira do Campo, onde acontecia encontros mensais para concerto da banda, sempre no último domingo de cada mês, quando o regente não mudava o dia. Também se tornou uma alternativa de renda para a banda, pois sua parte inferior poderia ser alugada.

O coreto passou por uma reforma na década de 1970, quando presidia a banda o Sr. Manoel Murta Filho (Nezinho Murta), que reformou toda a parte superior do mesmo, que era de madeira e foi substituída por material metálico. O serviço foi executado pelo Sr. Aurélio Santanta, vulgo Sr. Lelé, que era um grande amigo da corporação. Cabe destacar aqui que o Sr. Lelé também era um grande trombonista da Corporação Musical Santa Cecília de Itabirito e sempre que precisava, ajudava a Banda de Cima apoiando nos toques.

Banda Euterpe Cachoeirense - Coreto - 1

Flâmula metálica com as iniciais “EC” de Euterpe Cachoeirense no cume do coreto. 23 de set. 2017. (Foto: Robson Peixoto)

Por muitos anos, a parte de baixo do coreto da Banda de Cima abrigou o bar do Sr. Antônio Tavares, músico histórico da corporação que se encontra atuando até a presente data. Atualmente o bar não existe mais e o coreto se encontra fechado. Com o crescimento do número de músicos da banda e, consequentemente, a necessidade de maior espaço, ficaram inviáveis apresentações da banda no mesmo.

O coreto completará 100 anos em 2023. Espera-se que, com muita festa e valorização deste patrimônio tão especial da Banda Euterpe Cachoeirense.

 

Referências bibliográficas:

Arquivo histórico da Banda Euterpe Cachoeirense.

VITORINO, Mônica. A Banda de Cima. Série: Lá vem a banda. Ouro Preto, Instituto de Artes e Cultura/UFOP, 198?. 36p. il.