Banda Euterpe Cachoeirense/ dezembro 2, 2017/ Falecimento/ 0 comments

Manhã chuvosa de primeiro de dezembro de 2017.

Seu Geraldo Maximiano no Domingo é Dia de Banda, no Supermercado Farid. Cachoeira do Campo, Ouro Preto – MG. Outubro de 2016.

Recebo no telefone uma mensagem que não gostaria de ter recebido.

Depois de acompanhar nos últimos dias as notícias da internação e piora do quadro clínico, como é difícil sentar em frente ao computador neste momento para tentar redigir algumas palavras, após a notícia do falecimento do nosso grande amigo e irmão, Seu Geraldo Maximiano.

Geraldo Gomes Assunção, 83 anos, casado com Dona Maria José, pai de dois filhos, Luciano (tesoureiro e ex-músico da banda) e Evandro. Carinhosamente conhecido na  Banda Euterpe Cachoeirense como Seu Geraldo Maximiano, era uma figura ímpar. Exímio clarinetista, participou de nossa corporação por quase 70 anos.

Seu Geraldo era uma pessoa pacata, quieta, sempre falava baixinho, devagar e quase sempre “soltava” alguma coisa engraçada. Costumava dormir nas reuniões entre músicos e diretoria. Sempre alguém apontava pra ele e todo mundo disparava a rir. Ele acordava assustado sem entender nada. Como era divertido…

Quando convidávamos Seu Geraldo para “tomar uma” no bar mais próximo e ele não podia, soltava o bordão só dele: “Agora não posso. Está faltando um bobo lá em casa. Mas aceito minha parte em dinheiro“. Não faltavam gargalhadas. Acabamos por incorporar o bordão dele quando a gente também não podia ir ao bar.

E seu cumprimento aos músicos quando chegava à sede para ensaiar ou tocar?! Sempre irreverente. Braço estendido e mão abanando, como se fosse um daqueles políticos antigões em pleno período de campanha. Pronunciava o seu ” Ô ô ô ô ô…” tentando lembrar o nome da pessoa a ser cumprimentada. Também virou sua marca registrada dentro da banda.

Seu Geraldo Maximiano recebendo uma homenagem na Festa dos 140 Anos da Banda Euterpe Cachoeirense, Cachoeira do Campo, Ouro Preto – MG. Outubro de 1996.

Seu Geraldo era um grande apreciador da boa música. Sempre nos contava a respeito daqueles que foram seus professores e o quanto os admirava, como por exemplo, o professor Walter Vito (não sei se é a grafia correta). Segundo ele, “tocava pra castigo“. Mais um de seus bordões.

Seu Geraldo se confunde com a história da Banda Euterpe, assim como muitos outros que já partiram para a outra Banda “Mais de Cima“, a do Céu. Frequentou a fileira de clarinetes da banda até mesmo em momentos em que se encontrava com saúde debilitada. Lição para muitos jovens que, por qualquer coisa insignificante, abandonam a corporação.

Seu Geraldo Maximiano chega ao final da sua caminhada física assim como aconteceu com muitos outros músicos que verdadeiramente amavam a Banda Euterpe. Fica um vazio que não poderá ser mais preenchido. Fica a alegria da convivência com este grande homem. Fica um alerta para os mais jovens de que uma banda não é formada só por músicos que tocam ou que participam, mas também por pessoas que amam o que fazem e amam a instituição. Um exemplo claro, sem dúvida: Sr. Geraldo Maximiano.

Seu Geraldo Maximiano se apresenta na festa dos Mineiros em Santo Antônio do Leite, Ouro Preto – MG. Ano de 2006.

A Banda Euterpe Cachoeirense manifesta os seus mais sinceros sentimentos à sua família e se entristece com ela.

No entanto, a certeza de que ele estará em algum lugar muito melhor do que aqui e de que continuará ouvindo nossos acordes ecoarem pelas ruas de Cachoeira do Campo, nos conforta!

Obrigado por tudo! Vá com Deus! Descanse em paz, Seu Geraldo!

 

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