Política e banda se misturam

Surge a Banda Euterpe Cachoeirense

Diante deste cenário político apresentado, a história da Banda Euterpe Cachoeirense se inicia no começo dos anos 1850 do século XIX, com o Capitão Rodrigo José de Figueiredo Murta, então adepto ao Partido Conservador. Aqui cabe um parênteses a respeito da família Murta. Esta teve uma participação marcante na história da corporação. Desde a fundação até recentemente, a corporação sofria influência direta da família que se tornou um marco referencial quando o assunto é Banda Euterpe Cachoeirense.

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Banda Euterpe Cachoeirense posa para foto. Local desconhecido. 5 de maio de 1943. Regência de Juquinha Murta (ao centro com a criança) e direção de Antônio de Brito (à sua direita). (Foto: Arquivo BEC)

O Capitão Rodrigo Murta, juntamente com o maestro Tassara (não há referências históricas a respeito deste), tentaram organizar uma corporação musical em Cachoeira do Campo. Porém não tiveram êxito nas primeiras tentativas. Não há registro do porquê da falta de sucesso de ambos. No entanto, anos mais tarde, já em 1856, o Capitão Rodrigo Murta conseguiu estruturar uma corporação musical dando a ela o nome de Companhia Euterpe Cachoeirense (Euterpe significa deusa da música e da poesia lírica). Seu foco era na juventude que morava em Cachoeira do Campo (segundo suas palavras, “queria alegrá-los e dar-lhes ocupação artística“). Mandou buscar da cidade de Piranga um músico chamado Luiz Tibúrcio da Costa, que veio a se tornar o primeiro maestro da corporação recém-formada. Na época, como Ouro Preto estava no auge do ciclo do ouro, dispondo de grande fartura e infraestrutura, consequentemente, expandindo tudo isso para Cachoeira do Campo, trazer pessoas de fora para morar no distrito era tarefa bastante simples (VITORINO, 198?).

Luiz Tibúrcio permaneceu na banda até por volta de 1867 (ou 1868) quando veio pedir exoneração do cargo de regente não se sabe por questões de saúde ou de idade avançada. A pedido do Capitão Rodrigo Murta, Luiz escolheu como seu sucessor, Francisco Carlos de Assis Ferreira (Mestre Chico) em detrimento a João Gonçalves de Magalhães. Consta na história da banda que isso pode ter sido um dos grandes motivos da divisão da Euterpe em duas bandas, alguns anos mais tarde.

Com relação à forma como o Capitão Rodrigo Murta formou a banda, há duas versões que são abordadas por Vitorino (198?):

  1. Uma afirma que o fundador teria escolhido apenas jovens que eram simpatizantes a seu partido, o Conservador;
  2. Já uma segunda versão aponta que ele não levou em consideração a questão partidária e convidou jovens de ambos partidos, Conservador e Liberal.

Além das incertezas com relação à forma como foi montado o primeiro grupo de músicos da banda, o mesmo se aplica à forma como foram adquiridos os primeiros instrumentos. De acordo com registros orais, uma possibilidade é de que o Capitão Rodrigo Murta tenha conseguido os instrumentos junto às bandas militares existentes em Ouro Preto naquela época. Outra possibilidade é que os primeiros instrumentos tenham sido comprados pelo fundador. E ainda há uma terceira versão afirmando que os instrumentos vieram de músicos que serviram na Guerra do Paraguai e que foram obtidos com os militares em Ouro Preto. Há uma hipótese de que essa terceira versão seja falsa haja vista que as datas da fundação da banda e o término da referida guerra não coincidem. Mas também há outra hipótese que afirma que esta versão pode estar parcialmente correta, já que até o término da guerra, a banda estava em atividade, mas ainda não estava totalmente completa (VITORINO, 198?).

O importante papel da Banda Euterpe Cachoeirense na educação de Cachoeira do Campo

Referências bibliográficas:

Arquivo histórico da Banda Euterpe Cachoeirense.

BELIER, A.C.M.I.J.B. História do café no Brasil Imperial: os partidos conservador e liberal. <http://brevescafe.net/saqua_luzia.htm> Acessado em 13 de out. 2017.

VITORINO, Mônica. A Banda de Cima. Série: Lá vem a banda. Ouro Preto, Instituto de Artes e Cultura/UFOP, 198?. 36p. il.